-E depois?
-Ou será sempre depois ou deixa de haver depois. Não podemos parar.
-Eu preferia que voltássemos para trás...
-Não. Isso nunca.
-Que deixássemos, de uma vez para sempre, este maldito barco.
-Pensas agora assim porque estás cansada.
-Não. Não me conformo com a ideia de vivermos aqui, cada noite acordados num porto diferente... Quero uma casa. Preciso de ver pessoas. Quero voltar a sentir terra debaixo dos pés. Quero deixar de ouvir o mar.
-Amanhã vais ver que já pensas de outra maneira. Que hás-de ser tu própria a desafiar-me...
-És tu que me tens viciado. Mas não podemos continuar assim por muito tempo.
-Podemos sim. Verás que podemos. E promete-me já que hás-de inventar amanhã uma nova surpresa! Promete-me que serás capaz.
-Não sei Lépido. Farei o possível, mas não sei...
-Era só isso que eu te queria ouvir. Amanhã recomeçamos.
em «Amanhã Recomeçamos», David Mourão-Ferreira
domingo, novembro 29, 2009
"O que é preciso é irmos todas as noites cada vez mais longe"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Muito interessante.
AP
Enviar um comentário