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sexta-feira, fevereiro 07, 2014

dos esquecimentos

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Do amoroso esquecimento - Mario Quintana

sexta-feira, janeiro 31, 2014

cuerpo

La iglesia dice: "El cuerpo es una culpa".
La ciencia dice: "El cuerpo es una máquina".
La publicidad dice: "El cuerpo es un negocio".
Y el cuerpo dice: -"Yo soy una fiesta".

Ventana sobre el cuerpo - Eduardo Galeano

segunda-feira, janeiro 20, 2014

tu não vinhas, tardavas e eu entardecia

Era a tarde mais longa de todas as tardes
que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas,
tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca,
tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste
na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos
no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos
ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste
o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite,
para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites
que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas
e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos
cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite
uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite
nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites
que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite
amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem,
vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura,
se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo
e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste
dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste
despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem
se quer tanto!

Estrela da tarde - José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, janeiro 06, 2014

pequenino feito grão de milho

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, janeiro 02, 2014

lua

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Lua adversa - Cecília Meireles

terça-feira, dezembro 17, 2013

cego o silêncio

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Retrato ardente - Eugénio de Andrade

sexta-feira, novembro 29, 2013

Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.

Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti -------------------
----------------------------- até que a dor alegre recomece.

Maria Gabriela Llansol

quarta-feira, agosto 07, 2013

silêncios

Mas duas pessoas não se equilibram muito tempo lado a lado, cada qual com seu silêncio; um dos silêncios acaba sugando o outro, e foi quando me voltei para ela, que de mim não se apercebia. Segui observando seu silêncio, decerto mais profundo que o meu, e de algum modo mais silencioso. E assim permanecemos outra meia hora, ela dentro de si e eu imerso no silêncio dela, tentando ler seus pensamentos depressa, antes que virassem palavras.

Chico Buarque, em «Budapeste»

domingo, julho 14, 2013

infidelidades

O verdadeiro infiel é aquele que só faz amor com uma fração de ti. E nega o resto.

Anaïs Nin

sexta-feira, julho 12, 2013

por que caminhos e como chegaste à minha alma?

III

Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
matagal eriçado entre tantas paixões,
lança das dores, corola da cólera,
por que caminhos e como chegaste à minha alma?

Porque precipitaste o teu fogo doloroso,
subitamente, entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumo te indicaram a minha morada?

O certo é que a noite pavorosa tremeu,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol impôs a sua presença celeste,

enquanto o cruel amor me cercava sem tréguas
até que, lacerando-me com espadas e espinhos,
abriu no meu coração um caminho abrasador.

Pablo Neruda
Cem Sonetos de Amor
Ed. Campo das Letras - Tradução Albano Martins

terça-feira, julho 09, 2013

ainda

Ao deserto
dos teus ombros
ofereço
os meus lábios.

in «Três Poemas de Amor seguidos de Livro Quarto», Albano Martins

segunda-feira, dezembro 24, 2012

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei / Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei / Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei / És meu irmão amigo / És meu irmão

Oswaldo Guayasamín

Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

José Carlos Ary dos Santos

sexta-feira, agosto 17, 2012

25 anos sem Drummond

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

O mundo é grande - Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, agosto 16, 2012

quinta-feira, abril 26, 2012

cegueiras

Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais.
em «Ensaio sobre a Cegueira», José Saramago

sexta-feira, março 23, 2012

o tempo

Dizem: “Que o tempo muda tudo”. Não é verdade. Fazer coisas é o que muda algo. Não fazer nada, deixa as coisas do jeito que eram.
Caio F. Abreu

sábado, fevereiro 04, 2012

curvas

Não é o ângulo reto que me atrai,
Nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo o homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios,
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo,
O universo curvo de Einstein.

Poema da Curva - Oscar Niemeyer

domingo, janeiro 29, 2012

segunda-feira, dezembro 05, 2011