Emma, no quarto, compunha o vestuário; ele chegava, pé ante pé. Beijava-a pelas costas, ela soltava um grito.
Não podia abster-se de lhe tocar continuamente nas travessas, nos anéis do cabelo, nos lenços do pescoço; às vezes dava-lhe grandes beijos no rosto, com veemência, ou então era uma série de beijinhos ao longo do braço nú, desde as pontas dos dedos até às espáduas; e ela repelia-o, meio risonha, meio enfadada, como se faz a uma criança que se agarra a nós.
Antes de casar, Emma julgara sentir amor; mas como a ventura resultante desse amor não aparecia, por certo se enganara, segundo pensava. E diligenciava saber o que se entendia, ao certo, nesta vida, pelas palavras felicidade, paixão, embriaguez, que nos livros lhe tinham parecido tão belas.
em «Madame Bovary», Gustave Flaubert
domingo, abril 24, 2011
diligenciava saber
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário