quinta-feira, fevereiro 10, 2011

não tenho medo, de coisa nenhuma

Não tenho medo, de coisa nenhuma, nenhuma, de nenhuma das coisas, nem das coisas, nem dos deuses, nem dos espaços nem das extensões.
Mas quando és tu que caminhas ao longo dos muros, dos vidros, do mar, e a minha câmera te segue e te perde, para te voltar a apanhar, em seguida, num percurso inverso, e sempre idêntico, ao longo das águas cinzentas, das areias, dos pássaros sob o vento, fechado sozinho na cavidade fria do vestíbulo de um hotel da Mancha, sem mim, tenho medo.

Marguerite Duras
para «L' Homme Atlantique», 1981

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