terça-feira, janeiro 25, 2011

é assim o poema: construído devagar


Eric Gill

Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.

Até ao Fim - Nuno Júdice
em «Pedro, Lembrando Inês», Publicações Dom Quixote

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo, lindo, lindo
"Pedro, Lembrando inês" Nuno Judice
É magnífico.

AP