segunda-feira, março 30, 2009

Eu nunca estou contente

Quero uma vida em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
No fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão verde ou de cântara
Em forma de sapata mole
Em forma de tanglomanglo
De limpa chaminés ou de lilás
De terra cheia de calhaus
De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente

Boris Vian

4 comentários:

Anónimo disse...

Estamos de acordo.
Mas poderia assinar o autor do post !!

Filipa Júlio disse...

boa escolha, belíssimo poema.
já a etiqueta amor, hmmmmm, não me soa assim tão bem. é muito mais do que isso. é filosofia, é utopia, é poesia. amor é um conceito demasiado limitado para etiquetar este poema.
grande boris vian, o arranca-corações!

Teresa disse...

Há un dias que não vinha aqui. Magníficas escolhas, como sempre!!
Grazie ;)

Teresa

hb disse...

"Anónimo", olha quem fala.

Filipa, também pensei nisso.. mas depois, pelas três últimas linhas optei por não por. Concluindo... vou acrescentar. :)

Teresa, obrigado. ;)