O Verão cantava sobre a sua rocha preferida
quando tu me apareceste,
o Verão cantava afastado de nós
que éramos silêncio,
simpatia,
liberdade triste,
mar
mais ainda do que o mar,
cuja enorme comporta azul
brincava aos nossos pés.
O Verão cantava
e o teu coração nadava longe dele.
Eu beijava a tua coragem,
entendia a tua perturbação.
Estrada através do absoluto das vagas
em direcção a esses altos picos de escuma
onde navegam virtudes assassinas
para as mãos que seguram as nossas casas.
Não éramos crédulos.
Éramos rodeados.
Os anos passaram.
As tempestades morreram.
O mundo partiu.
Sofria
por sentir que era o teu coração que já não me conhecia.
Eu amava-te.
Na minha ausência de rosto e no meu vazio de felicidade.
Eu amava-te,
mudando em tudo,
fiel a ti.
René Char
domingo, fevereiro 01, 2009
Não éramos crédulos
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3 comentários:
Que belo poema! Não conhecia. Obrigada, Hugo ;)
Acrescento-lhe um passito com estes versos de Juan Ramón Jimenez:
«Eu vim.
Mas além ficou meu pranto,
à beira-mar,
chorando».
The beauty of sadness :)
Não conhecia... e, não lhe consigo dizer o quanto gostei...
A.
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