sexta-feira, janeiro 23, 2009

Sophia (II)

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!

Pudesse eu - Sophia de Mello Breyner Andresen

3 comentários:

Patrícia Saavedra disse...

E a vida é isso mesmo, instantes com teias de eternidade :)
03:02 kiss

Teresa disse...

e a vida pode ser também isto, consequência desta chuvinha que já nos está a lixar o juízo ;):

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa

Anónimo disse...

Pudesse eu não ter laços nem limites

Aplico a mim!!!

AP