sábado, novembro 01, 2008

A poesia como o amor faz-se na cama

A poesia como o amor faz-se na cama
Seus lençóis desfeitos são a aurora das coisas
A poesia faz-se nas matas

Isto não se apregoa aos quatro ventos
Não é conveniente deixar a porta aberta
Ou chamar testemunhas

Acto de amor e acto de poesia
São incompatíveis
Com a leitura do jornal em voz alta

A câmara dos sortilégios
Não cavalheiros não é a oitava Câmara
Nem os vapores da camarata ao domingo à noite

O abraço poético como o abraço carnal
Enquanto dura
Impede toda a fugida sobre a miséria do mundo

Poèmes - André Breton

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