Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.
Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...
Poema melancólico a não sei que mulher - Miguel Torga
terça-feira, agosto 28, 2007
A fome insatisfeita que senti
Red Cannas - Georgia O'Keeffe
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
"A fome insatisfeita que senti
Era de ti"
desconhecia poemas de Torga assim... se bem que ele escreve quase assim sobre Coimbra, pro exº.
:)
Replico!!!
"
SEGREDO
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem l� dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que fa�a o pino
A voar...
Miguel Torga, in "Di�rio VIII"
Enviar um comentário