segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Tudo por tudo

Meus irmãos

É preciso atrelar os nossos poemas
à charrua do boi magro
É preciso que este se enterre até aos joelhos
na vaza dos arrozais
É preciso que eles façam todas as perguntas
É preciso que recolham toda a luz
É preciso que os nossos poemas como marcos quilométricos
balizem as estradas
É preciso que sejam o sinal a anunciar a aproximação do adversário
É preciso que batam tambor na selva

E enquanto na terra houver um único país ou um único homem escravo
E enquanto no céu restar nem que seja uma única nuvem atómica
É preciso que os nossos poemas dêem tudo por tudo, corpo e alma para a grande liberdade.

Nazim Hikmet

2 comentários:

Anónimo disse...

"(...) este país é nosso
Punhos em sangue, dentes serrados, pés descalços
e este solo espalhando-se como um tapete de seda,
este inferno, este paraíso é nosso
(...)
aniquilem a servidão do homem pelo homem
(...) Viver como uma árvore singular e em liberdade
e irmãmente como as árvores de uma floresta,
este anseio é nosso."
Nazim Hikmet - Convite

Filipa Júlio disse...

não me parece nada bem atrelar o que quer que seja a um boi magro. muito menos quando ele está enterrado até aos joelhos nos arrozais.
desculpa lá, hb, este poema é quase tão violento como o do atirei o pau ao gato mas o gato não morreu, eu, eu.