sexta-feira, fevereiro 20, 2009

No Inferno, Dante e Virgil


Dante and Virgil in Hell - William-Adolphe Bouguereau, 1850

3 comentários:

Teresa disse...

Que imagem fabulosa, Hugo. E lembrei-me do longo poema «Trevas» de Lord Byron. Fica um extracto (se gostares, evio-to na íntegra.
Bjos
T.

(...)
Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,
Porém, de uma cidade enorme resistiram,
Dois inimigos, que vieram encontrar-se
Junto às brasas agonizantes de um altar
Onde se haviam empilhado coisas santas
Para um uso profano; eles as revolveram
E trémulos rasparam, com as mão esqueléticas,
As débeis cinzas, e com um débil assoprar
Para viver um nada, ergueram uma chama
Que não passava de um arremedo; então alcançaram
Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram
O rosto um do outro - ao ver, gritaram e morreram
- Morreram de sua própria e mútua hediondez,
Sem um reconhecer o outro em cuja fronte
Grafara a fome "diabo". O mundo se esvaziara,
O populoso e forte era um informe massa,
Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,
Massa informe de morte – um caos de argila dura.
Pararam lagos, rios, oceanos: nada
Mexia em suas profundezas silenciosas;
Sem marujos, no mar as naus apodreciam,
Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,
Dormiam nos abismos sem fazer mareta,
Mortas as ondas, e as marés na sepultura,
Que já findara sua lua senhoril.
Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens
Tiveram fim; a Escuridão não precisava
De seu auxílio – as Trevas eram o Universo.

Filipa Júlio disse...

brrrrrrr
medo.

Anónimo disse...

Obrigado Teresa. Se não te der trabalho tudo bem. Se tiveres que o passar deixa estar... não fiquei assim tão entusiasmado :) bjo

Filipa: deves ter efectivamente.. se não te começares a portar melhor é onde vais parar... :P