Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe,
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
Fala do Homem nascido - António Gedeão
Deste poema foi feita a música de José Niza interpretada por Samuel.
2 comentários:
Acudiu-me à memória este poema. Diz-me muito. A procurá-lo na NET, porque não o sabia todo, vim ter ao teu espaço.
Copiei e levei para o meu blog. Levei o teu link, para que todos saibam a origem.
Conto voltar para ler mais.
Bj
margarida_daniel
:)
Obrigado. Volta sempre.
bj
hb
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