Quando alguém que nos é querido desaparece, pagamos com mil pungentes remorsos a culpa de sobreviver. A sua morte descobre-nos a sua singularidade única, esse alguém torna-se vasto como o mundo que a sua ausência destruiu para ele, e que a sua presença fazia existir todo inteiro; parece-nos que devia ocupar mais lugar na nossa vida: uma totalidade sem margens. Arrancamo-nos a esta vertigem: não era senão um indivíduo entre outros. Mas como não fazemos nunca por ninguém tudo o que está ao nosso alcance — mesmo dentro dos limites possíveis que nos são fixados — restam-nos ainda muitas censuras a dirigir-nos.
excerto de «Uma Morte Serena», Simone de Beauvoir
domingo, janeiro 25, 2009
A culpa de sobreviver
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1 comentário:
Bateu!
Nostálgico.
AP
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