quarta-feira, novembro 29, 2006

Amor antigo

O amor antigo
vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede.
Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.

O amor antigo
tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e beleza
Por aquelas mergulhas no infinito,
e por estas suplanta a natureza

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor,
porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente,
mas pobre de esperança.
Mais triste?
Não.
Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais belo
quanto mais amor...
Amor antigo - Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei!
Para quê dizer mais...