sexta-feira, julho 12, 2013

por que caminhos e como chegaste à minha alma?

III

Áspero amor, violeta coroada de espinhos,
matagal eriçado entre tantas paixões,
lança das dores, corola da cólera,
por que caminhos e como chegaste à minha alma?

Porque precipitaste o teu fogo doloroso,
subitamente, entre as folhas frias do meu caminho?
Quem te ensinou os passos que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumo te indicaram a minha morada?

O certo é que a noite pavorosa tremeu,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol impôs a sua presença celeste,

enquanto o cruel amor me cercava sem tréguas
até que, lacerando-me com espadas e espinhos,
abriu no meu coração um caminho abrasador.

Pablo Neruda
Cem Sonetos de Amor
Ed. Campo das Letras - Tradução Albano Martins

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